sábado, 15 de outubro de 2011

Interdisciplinaridade: atividade de Geografia em Parceria com Português

                                             INSTITUTO EDUCACIONAL MARIA MADALENA 
PROF. ESP. GABRIELLE RAMOS                                      ATIVIDADE DE PORTUGUÊS  - 7º ANO
Vamos estudar Português, aproveitando os conhecimentos de Geografia? Vocês estudaram com o professor Elivaldo, as características da nossa Região Nordeste, a localização, as particularidades culturais, os aspectos físicos, políticos e econômicos, como também discutiram os problemas enfrentados por essa Região. Agora vamos unir Literatura, Geografia e Gramática! Bons estudos!


LEIA O TRECHO DE “MORTE E VIDA SEVERINA” DO NORDESTINO JOÃO CABRAL DE MELO NETO, para responder aos questionamentos a seguir:
O meu nome é Severino,                                                        
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Neste trecho, Severino retirante se apresenta às pessoas e tenta, quando mais possa, logo de início individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais, de sobrenomes e nomes e geográficas. Inútil, ele é apenas um igual a tantos outros Severinos e, desse modo, difícil é desidentificar-se de maneira a distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor, busca, no mesmo espaço geográfico da secura, fome, miséria e ignorância.

a)      Esse trecho apresenta um aspecto cultural muito forte nas cidadezinhas do interior do Nordeste, no que diz respeito a como as pessoas são conhecidas. Detecte e escreva: que costume é esse?
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b)      O trecho também traz uma informação sobre a localidade de origem de Severino. Identifique e escreva abaixo:
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c)       Conforme o contexto, descubra  e escreva o que o poeta quis dizer com:
v  “não tenho outro de pia” ________________________________________________________________
v  “há muitos na freguesia” ________________________________________________________________

NESTE OUTRO TRECHO, o retirante funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se a eles no destino da retirada, da busca de saídas, da procura, pobreza, sofrimentos e sonhos. E, corajosamente se anuncia: 
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza. (...)
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

a)      Nos noves primeiros versos deste trecho, Severino explica seu aspecto físico. Como ele se descreve?
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b)      Sua descrição revela que ele é saudável? Por quê?

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c)       Que aspectos físicos ou sócio-econômicos do Nordeste comprovam a descrição de Severino?

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d)      Considerando a “morte severina”, que fatores contribuem para “os Severinos” viverem tão pouco, segundo o texto?
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e)      Considere a palavra “severino”. No texto ela é usada ora como Substantivo, ora como adjetivo. Identifique e escreva as duas ocorrências.
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d)      Você sabe que o Nordeste brasileiro é castigado pela seca, é responsável por grande parte da miséria do povo nordestino. A seca é um fator de ordem “natural”, mas somente a natureza é responsável por esse problema? Que outro(s) fator(es) contribui(em) para a pobreza da região?
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e)      Retire do poema, um trecho que revela os problemas que a seca causa ao seu roçado.
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ANÁLISE GRAMATICAL
3. Dê a função sintática dos termos sublinhados ao longo do poema.
LEIA UM TRECHO DA OBRA “VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS, OUTRO ESCRITOR NORDESTINO.
“Foram descansar sob os garranchos de uma quixabeira, mastigaram punhados de farinha e pedaços de carne, beberam na cuia uns goles de água. Na testa de Fabiano o suor secava, misturando-se à poeira que enchia as rugas fundas, embebendo-se na correia do chapéu. A tontura desaparecera, o estômago sossegara. Quando partissem, a cabaça não envergaria o espinhaço de Sinhá Vitória. Instintivamente procurou no descampado indício de fonte. Um friozinho agudo arrepiou-o. Mostrou os dentes sujos num riso infantil. Como podia ter frio com semelhante calor? Ficou um instante assim besta, olhando os filhos, olhando os filhos, a mulher e a bagagem pesada. O menino mais velho esbrugava um osso com apetite. Fabiano lembrou-se da cachorra Baleia, outro arrepio correu-lhe a espinha, o riso besta esmoreceu.
Se achassem água ali por perto, beberiam muito, sairiam cheios, arrastando os pés. Fabiano comunicou isto a Sinhá Vitória e indicou uma depressão do terreno. Era um bebedouro, não era? Sinhá Vitória estirou o beiço, indecisa, e Fabiano afirmou o que havia perguntado. Então ele não conhecia aquelas paragens? Estava a falar variedades? Se a mulher tivesse concordado, Fabiano arrefeceria, pois lhe faltava convicção; como Sinhá Vitória tinha dúvidas, Fabiano exaltava-se, procurava incutir-lhe coragem. Inventava o bebedouro, descrevia-o, mentia sem saber que estava mentindo. E Sinhá Vitória excitava-se, transmitia-lhe esperanças. Andavam por lugares conhecidos. Qual era o emprego de Fabiano? Tratar de bichos, explorar os arredores, no lombo de um cavalo. E ele explorava tudo. Para lá dos montes afastados havia outro mundo, um mundo temeroso; mas para cá, na planície, tinha de cor plantas e animais, buracos e pedras.
E andavam para o Sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos."
(Graciliano Ramos - Vidas secas, pág. 130, 131,134)  

a)      O primeiro parágrafo apresenta elementos da paisagem nordestina e da temperatura dessa região. Sublinhe no texto as passagens que comprovem essa informação.
b)      Marque a opção que pode substituir o verbo sublinhado na frase: “Se a mulher tivesse concordado, Fabiano arrefeceria, pois lhe faltava convicção;”
(      ) desanimaria      (     ) mentiria      (      ) sorriria
c)       O que levou Fabiano a mentir sobre o bebedouro?
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d)      Qual seria a causa da tontura? Por que a cabaça envergaria o espinhaço de Sinhá Vitória?
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e)      Os dois primeiros parágrafos descrevem dois problemas sérios causados pela seca, quais?
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f)       Já no último parágrafo, fica clara uma das conseqüências da seca, para o Nordestino, que acaba virando um sinal de esperança. Que conseqüência é essa?
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COMPARANDO OS DOIS TEXTOS
4. Os trechos lidos nesse exercício têm em comum a temática da seca que assola o Nordeste brasileiro. O que há de semelhante entre Severino e a família de Fabiano? Como eles “enfrentam” esse problema?
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5. Que trecho de Vidas Secas, coincide com o aspecto físico do retirante, descrito a seguir por João Cabral de Melo Neto? (...)“que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas.” Que personagem de Vidas Secas pode representar esse aspecto físico, no trecho que você leu?
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ANÁLISE GRAMATICAL
6. Faça a análise sintática e morfológica das orações abaixo:
a) Na testa de Fabiano o suor secava.                                 G) O menino mais velho esbrugava um osso com apetite.
b) Um friozinho agudo arrepiou-o.
c) Sinhá Vitória estirou o beiço indecisa.
d) ... transmitia-lhe esperanças.
e) Retardaram-se temerosos
f) Para lá dos montes afastados havia outro mundo.

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